Para comemorar os 500 anos do nascimento de Camões e o Dia Mundial da Poesia, a EB 2,3 Dr. Santos Bessa foi embelezada com um busto do próprio poeta, construído no âmbito da disciplina de Educação Tecnológica, a que se juntou uma gaiola, não de pássaros mas de poemas. Tal como Camões se abriu para o mundo, também esta foi aberta por todos os que quiseram deixar-se contaminar pela beleza da poesia camoniana e leram, ali mesmo, junto do busto do Poeta, um dos seus poemas.

Como não temos palavras para descrever a genialidade de Camões, entreguemos essa tarefa a quem conseguiu tão bem fazê-lo:

CAMÕES
Nem tenho versos, cedro desmedido,
Da pequena floresta portuguesa!
Nem tenho versos, de tão comovido
Que fico a olhar de longe tal grandeza.
Quem te pode cantar, depois do Canto
Que deste à pátria, que to não merece?
O sol da inspiração que acendo e que levanto,
Chega aos teus pés e como que arrefece.
Chamar-te génio é justo, mas é pouco.
Chamar-te herói, é dar-te um só poder.
Poeta dum império que era louco,
Foste louco a cantar e a louco a combater.
Sirva, pois, de poema este respeito
Que te devo e professo,
Única nau do sonho insatisfeito
Que não teve regresso!
Miguel Torga
In Poemas ibéricos, 1965.
Prof.ª Marta Paiva