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“Quem conta um conto escreve no ponto” é um dos projetos que está a ser desenvolvido com algumas turmas do 4.º ano (Arazede, Pereira, Seixo e Viso), numa articulação entre o terapeuta da fala e as docentes titulares de turma. Este atelier de escrita criativa, com periodicidade mensal, tem como principal objetivo o desenvolvimento da capacidade de construção textual (prosa ou poesia), escrita criativa e enredo de narrativas, no contexto da sala de aula;
Entre outubro e novembro, cada turma foi convidada a “vestir o papel de um náufrago” e a redigir um diário; todos partiram de um ponto comum, mas cada turma teve as suas aventuras.
Parabéns aos estudantes, pelo empenho e originalidade.
Partilhamos agora as histórias, como proposta de leitura para as férias de Natal.

EB1 ARAZEDE

DIA  1

Querido diário

Hoje, estava eu no meu barquinho, a viajar para Palma de Maiorca, quando ele embateu numa rocha, por causa das correntes marítimas. Por sorte, tinha um colete salva-vidas e nadei até esta ilha.

Algum tempo depois, senti muita fome e fui procurar alguns cocos para comer e guardar as cascas para fazer taças. A seguir, voltei a sair para procurar: pedras, folhas de palmeira, madeira e palha.

Quando cheguei ao local onde deixei as minhas parcas coisas, reparei que tinham sido mexidas. Fiquei apavorado porque não sei se há mais alguém na ilha ou se foi algum animal.

DIA 2:

            Hoje é o meu segundo dia, neste sítio, e fui explorar o perímetro da ilha, depois de uma noite mal dormida ao relento.

            Neste dia, o meu objetivo principal foi procurar um abrigo para poder dormir descansado. Fui andando, próximo da beira-mar, e de repente encontrei uma concha muito bonita. Fiquei curioso e coloquei o meu dedo lá dentro, para ver se tinha algo para comer e… ZAZ! Fui atacado por uma tenaz de um caranguejo e o meu dedo ficou a sangrar.

            Corri a sete pés, até que encontrei uma caverna – aqui estava o abrigo que procurava. A entrada era apertada e o seu interior era escuro… o meu dedo já não sangrava, mas precisava de luz para explorar o local. Por sorte, pedras e folhas não faltavam nesta ilha – o ideal para fazer uma fogueira, para me aquecer, e uma tocha, para iluminar o meu caminho.

            Estava tão cansado, que me enconstei e adormeci.

DIA  3:

            Estou com o “corpo todo partido”, mas descansei alguma coisa… De repente, começaram a voar na minha direção uns animais que também procuravam abrigo. Eram morcegos e não gostaram nada do novo habitante! Expulsaram-me dali e, mais uma vez, tive de procurar outro abrigo.

            Encontrei uma bananeira e aproveitei para tomar o pequeno-almoço. Pensei para mim que “onde há bananas, há macacos”… e lá estavam eles, a olhar para mim com cara de poucos amigos! O melhor é seguir a minha vida!

De repente, olhei para o lado e vi uma pegada na areia. Segui em frente… e apareceu outra e outra… e mais outra…

Um trilho levou-me até junto de uma árvore, onde estava um rapaz empoleirado. FIQUEI ESPANTADO! Perguntei-lhe quem era e o que estava a fazer nesta ilha. O rapaz disse-me que se chamava Miguel e que tinha fugido de um barco de piratas. Há pouco tempo tinha tido um mau encontro com um crocodilo e encontrou refúgio naquela árvore.

Fiquei muito contente por ter encontrado um amigo, pois além de já não estar sozinho, o Miguel já conhecia muito bem a ilha. Foi a minha salvação!

DIA  4:

            Mais um dia nesta ilha. Com a ajuda do Miguel, juntamos vários troncos e, com recurso a fibras vegetais para atar a madeira, fizemos uma jangada. Construímos também alguns remos e utilizamos uma folha de palmeira enorme, que foi convertida em vela do barco.

            Juntos, reunimos vários frutos tropicais, água potável armazenada em garrafões que estavam espalhados pela ilha, os coletes salva-vidas que tínhamos guardado e fizemo-nos ao mar.

            Entretanto, vimos um barco ao longe e começamos a gritar! Felizmente, fomos ouvidos e remamos à “velocidade do Sonic”, até que chegamos ao pé do barco.

            O barco que parecia ser a nossa salvação, transformou-se num pesadelo: eram piratas! Pegaram no Miguel e fizeram-no prisioneiro.

            Agora, coloco este diário num garrafão e escrevo este diário na esperança que alguém o encontre…

EB1 VISO

DIA  1

Querido diário

A minha viagem ao Brasil estava a correr bem, até que bati nas rochas do mar, porque estava distraído a ver os golfinhos a saltar. O meu barco virou-se e afundou.

Ao longe vi uma ilha e nadei até lá. Demorei cerca de uma hora.

Quando cheguei à ilha, fui procurar pedras, paus e folhas, para fazer uma fogueira. Depois procurei um abrigo.

Encontrei uma caverna e nela construí um machado artesanal, para cortar lenha e fazer uma canoa.

Como a fome apertou procurei comida: cocos, bananas e peixe. Depois, regressei ao abrigo e verifiquei que tinham roubado as minhas coisas, fiquei assustado e fugi dali.

DIA 2:

Depois de correr cerca de 2 km, encontrei uma cabana abandonada. Tinha uma espingarda velha, bem como uma catana, roupas, um baú do tesouro e um cadáver…

Peguei em algumas roupas, na espingarda e na catana. Com o meu machado artesanal tentei partir o cadeado do baú e, com dois golpes, abri o tesouro. Lá dentro estava ouro, diamantes e comida fedorenta! Cheirava tão mal que desmaiei!

Quando acordei, o tesouro tinha desaparecido… a única coisa que sobrou foi aquela comida podre e nojenta! Fiquei horrorizado! Será que o cadáver virou zombie? Rapidamente, procurei o morto que, para meu espanto, também já não estava na cabana.

Peguei no machado para me proteger e sai do local a correr, apenas com a espingarda…

DIA  3:

Nesta noite dormi e sonhei que tinha enriquecido, mas a única coisa que tenho à minha volta é areia. Então, decidi explorar a ilha e procurar mais comida. Comi cocos, bananas e peixe.

Depois fui procurar pedras e paus, para me aquecer antes do cair da noite, e mais mantimentos para comer e beber. Enquanto examinava a ilha, descobri que no outro lado estava um barco com cerca de 5 metros de comprimento. Era um veículo muito bem conservado e todo equipado: tinha muita comida no interior, coletes salva-vidas e estava lá uma mulher deitada. Fui ver, mas afinal era um manequim, vestido de mãe-natal… Estarão aqui há muito tempo? Não sei, mas vou aproveitar para encher a pança, pois já tenho muita fome!

DIA  4:

            Ontem tentei ligar o barco, mas estava sem combustível. Mas o azar não dura sempre e, por volta do meio-dia, apareceu uma aeronave a sobrevoar a ilha. Acendi uma fogueira com os paus que tinham sobrado e fiz sinais de fumo.

            Do avião saltou um paraquedista, com cordas para me salvar… e assim terminou a minha aventura.

            Quem era o cadáver? De quem era o barco? Quem terá roubado as minhas coisas? Até hoje, nunca descobri e, sinceramente, espero nunca saber, porque a ideia do zombie arrepia-me o coração e a alma!

EB1 SEIXO

DIA  1:

Querido diário: Ontem, enquanto navegava em direção à ilha da Madeira, fui surpreendido por uma tempestade. A determinada altura, o meu barco – Alfa Juni I – foi atingido por um raio que mais parecia o rebentar de uma bomba, o que fez com que eu ficasse muito assustado. Tentei controlar o barco, mas este embateu numa enorme rocha. Depois disto fiquei inconsciente, e apenas recuperei os sentidos quando estava deitado numa praia, nu. Olhei à minha volta e constatei que estava numa ilha que continha muitos coqueiros. De imediato levantei-me e com as folhas dos coqueiros fiz uma roupa para mim. Nesse mesmo instante, caiu-me um coco na cabeça, até parecia que ele tinha adivinhado que eu estava com sede. Enquanto bebia, e zonzo pela pancada do coco, avistei lá ao longe um helicóptero. Arregalei bem os olhos, pois poderia ser uma miragem, mas o aproximar dele fez com que eu percebesse que ele poderia ser a minha salvação. Dei um salto e escrevi SOS na areia, com os paus que encontrei. Contudo, como sou um homem cheio de sorte, uma onda gigante decidiu acertar em cheio na minha mensagem e esta desapareceu. 

DIA  2:

Decidi, então explorar o perímetro da ilha. Enquanto o fazia, observei vários macacos que saltitavam entre os coqueiros e tive a ideia de pegar numa pedra afiada para cortar troncos, a fim de poder construir uma jangada. Certamente que irei demorar algum tempo, por isso, meu querido diário, amanhã volto para contar as novidades.

DIA  3:

Olá, querido diário! Aqui estou eu conforme prometi. O sol já desapareceu há algumas horas, mas acho que a jangada está pronta. O problema é que fiquei com a barriga a roncar, isto é, a dar horas. Tomei a decisão de entrar na vegetação para me abastecer e poder retomar a minha viagem. O interessante foi verificar que não ia sozinho. Uma das frutas esquisitas que apanhei, de cor amarela e castanha, era uma tarântula. Vai ser uma viagem animada…

EB1 PEREIRA (4.º G)

DIA  1 

Querido diário, Depois de dez anos em escavações, muitas horas sem dormir, dias e dias sem ver os meus familiares, finalmente encontrei o sonho da minha vida: um crânio de T-Rex recheado de pedras preciosas e banhado a ouro. Estava eu numa viagem, em direção ao Brasil, com o objetivo de fechar o negócio que me iria deixar bilionário para sempre. A emoção era tanta, que eu só sonhava com a minha piscina o meu parque de diversões recheado de moedas e diamantes… mas o sonho virou um verdadeiro pesadelo! De repente, uma bomba, vinda de um submarino, atingiu o meu barco. Acordei sobressaltado e com falta de ar! Os meus sonhos estavam a afundar-se e a minha única riqueza já estava a flutuar… O resto, ninguém sabe… só sei que fui acordado por um caranguejo, que me mordeu o traseiro. Agora, estou numa ilha deserta, apenas com as minhas roupas. Vou à procura de recursos para me abrigar e alguns alimentos, para não morrer à fome. 

DIA 2:

Ontem, a noite foi horrível: choveu, estava cheio de fome, de frio e com medo. Depois, a chuva parou e decidi acender uma fogueira, com folhas, paus e pedras que encontrei. Com o fumo, podia ser que alguém me localizasse…

Entretanto, fui procurar comida e encontrei muitas frutas desconhecidas. Tive medo que fossem venenosas, então decidi colocar alguma fruta no chão e esperar que esta fosse comida por um animal, de forma a descobrir uma eventual reação ao veneno… mas o único animal que avistei foi uma lesma selvagem que, pelas cores, também deveria ser venenosa.  A fome era tanta que desisti: acabei por comer aquela fruta e até sabia bem. Depois peguei num tronco e raspei-o numa rocha, para fazer uma lança e apanhar peixes, pois já tinha brasas para o almoço. Mas, apesar da fruta, continuei com sede… ainda pensei beber água do mar, mas iria ficar com mais sede.  Então, procurei alguns cocos e, com uma pedra, parti a casca. Com a ajuda da lança, quebrei o fruto e bebi a água de vários cocos e ainda guardei alguns, para fazer taças. Depois, decidi construir uma cabana, para me abrigar dos animais e da chuva, que poderia vir…     

DIA  3:

Esta noite foi muito assustadora: ouvi muitos ruídos e acordei várias vezes. Pelo menos, já não choveu…

Fui buscar mais alimentos à floresta e reparei que não estava sozinho: vi pegadas humanas no chão e alguns arbustos a mexer. Decidi avançar e encontrei um casarão no meio da floresta, até que… senti umas bolas de pelo a esfregarem-se na minha cara… foi então que acordei e percebi que eram macacos que estavam a dançar em cima de mim. Malditas frutas: causaram-me delírios…

Não, afinal estava num hospital, com muita gente ao meu redor. Felizmente, fui salvo por uma equipa de resgate, enviada pelo Mr. Walter, o ricalhaço com quem fiz o negócio. Agora estou rico, mas anestesiado pela experiência mais traumática da minha vida.

EB1 PEREIRA (4.º H)

DIA  1 

Querido diário, 

Tudo estava calmo: o sumo de laranja era doce, o sofá era confortável, o tempo era maravilhoso… que bela forma de começar as férias, em direção às Maldivas… mas avistei nuvens negras, que se estavam a aproximar. Fiquei com medo e não sabia o que fazer!  De repente, caiu o primeiro raio – BOOM! – as ondas começaram a ficar descontroladas e, num abrir e fechar de olhos, o mar fez um remoinho. Comecei a gritar, mas nem os peixes ouviram a minha voz! A tempestade aproximou-se, até que um segundo raio atingiu o meu barco. O barco partiu-se em mil pedaços e, para adoçar a minha sorte, os aromas dos alimentos que boiavam no mar atraíram uma criatura “giganorme” – era um polvo roxo, maior do que quatro aviões juntos, cinco arranha-céus, seis campos de futebol…  este monstro marinho abraçou-me com as suas ventosas pegajosas e em dois segundos devorou-me… O que aconteceu depois… só os peixes saberão… Fiquei inconsciente! Agora, escrevo-te para dizer que estou numa ilha deserta, em pânico e confuso, porque não sei onde estou.  Agora, a minha prioridade é procurar comida…   

DIA 2:

Querido diário, 

Hoje de manhã, tentei procurar comida, mas não encontrei. Subi a uma árvore e arranquei um ramo, para fazer uma cana de pesca. De repente, lembrei-me que não tinha fio e, com uma pedra, parti uma liana. Com o meu novo instrumento fui “à caça dos peixes”. Fiquei algum tempo à espera, mas consegui apanhar alguns peixes – na pesca é preciso ter paciência.  O sol já se estava a pôr… Então, recolhi alguns paus e pedras e acendi uma fogueira. De repente, avistei uma luz no céu e ouvi um barulho. A MINHA SALVAÇÃO! Era um avião! Peguei em toda a madeira que tinha reunido e coloquei na fogueira, de forma a sinalizar-me… Infelizmente, já foi tarde de mais, porque o avião passou muito rápido e nem reparou na minha queimada.   

DIA  3:

Querido diário, 

Sou mesmo uma pessoa de sorte: estou numa ilha deserta, sem comida e, para melhorar a minha situação, queimei toda a madeira que já tinha reunido… Tive de ir buscar mais troncos, pois passei a noite cheio de frio. Enquanto juntava madeira, encontrei um objeto brilhante e misterioso – era uma lâmpada. Nem consegui esperar! Larguei a lenha e abanei-a. Não aconteceu nada. Frustrado e irritado, atirei a lâmpada para o chão e de lá saiu uma criatura familiar: era o polvo roxo. Mas, depois percebi que, afinal, era o filho do polvo “giganorme”, que tinha ficado preso devido a uma maldição.  Num instante, apareceu o “giganorme”, que vinha buscar o filho. Agradeceu-me por ter libertado o seu filho e, em recompensa, levou-me para as Maldivas.  

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Publicado emEscola Arazede, Escola Montemor, Escola Pereira

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